segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Tunisia há quase 10 anos


Estive na Tunisia em 2008, antes da revolução que derrubou o governo de Ben Ali. Rodei pelo pais, bem nessa época, em fevereiro, por 10 ou 12 dias e conheci tudo o que tinha de mais interessante entre mesquitas, museus, ruinas romanas, ruinas cartaginesas e muitas outras coisas como praias incriveis e o Deserto do Saara, diga-se de passagem, uma das coisas mais impressionantes que eu vi na vida.

Uma das coisas mais bonitas que eu vi na Tunisia foi a arquitetura. Em Tozeur, em pleno deserto, a cor de tijolo aparente faz um bonito tom sobre tom com a paisagem. Os detalhes de muitas janelas, verdes ou azuis, combinam com o céu mais bonito que eu vi na vida, e com as tamareiras dos oasis.
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Os mosaicos do Museu do Bardo são fantasticos. Lembram tapetes mas contam histórias: batalhas, lendas. Rendem homenagem as divindades greco-romanas e o colorido discreto é mais um toque de harmonia. Mas em Tozeur, a grandiosidade passa pelo simples: são desenhos geométricos feitos com os próprios tijolos que decoram as paredes. Simples, mas de uma riqueza que impressiona. Como esse detalhe de um antigo harem, hoje museu.

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Na época, as mulheres da Tunisia, comparando-se com de outros paises (não só mulçumanos diga-se de passagem), tinham relativa liberdade. Não  eram obrigadas a usar véus, os maridos só podiam casar com uma esposa, elas tinham acesso a planejamento familiar, educação, mercado de trabalho, não precisam usar véus e contam com o ministério da mulher e da familia. Hoje realmente não sei como ficou a situação.
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Apesar disso, muitas não abriam mão dos véus e dos trajes tribais e na Ilha de Djerba as noivas andam totalmente cobertas antes da cerimônia como mandam as tradições antigas. Mas, nos hotéis, elas estão impecavelmente vestidas, maquiadas, com bolsas de griffe e sapatos de dar inveja.

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Mas, que ninguem se iluda: a história e a tradição são patrimonio do pais. Sejam  os cartagineses, Anibal, Amilcar, Asdrubal, que dão nome a ruas, barcos, aeroportos. Sejam os costumes do Islã guardados em museus. Ou a culinária preservada nos mínimos detalhes. Como o jeito artesanal de moer o trigo para fazer cuscus.
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Tunis, a capital é uma cidade grande e bonita. Cartago virou um bairro de luxo e sobrou pouco do antigo império que tentou derrotar os romanos. Sidi Bou Said, pertinho da capital, vale a visita, é um lugar lindo que lembra um pouco as ilhas gregas. Djerba, uma ilha cercada de lendas da Odisseia e da Eneida, vale a visita. Mas é em Tozeur e Douz que você vê o deserto em toda sua grandiosidade. O por do sol é de tirar o folego de tão lindo. 
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A Hotelaria, na época em que eu fui era muito boa. Muitos resorts, hoteis de 4 e 5 estrelas de redes internacionais. A comida é gostosa. Na costa do Mediterraneo há otimos pratos de peixe. O carneiro costuma ser a estrela dos pratos de carne. Para comprar há coisas tipicas e algumas bolsas "importadas" (genéricas mas de boa qualidade).
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Estive lá uma segunda vez num cruzeiro. Não sei como anda o turismo por lá, mas quem tiver chance faça uma visita.



Chott el Jherid. Nunca pensei que fosse encontrar no mundo algo tão “amazing” quanto o Grand Canyon. Pois esse lago é justamente tão maravilhoso quanto o Grand Canyon e outras maravilhas do mundo.  Ai, no meio do deserto do Sahara, havia um mar – há muitos milhões de anos. O mar secou, sobrou o lago que tem longa área sem água – só sal. A paisagem é deslumbrante demais. Fotos não traduzem…
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Paisagens assim me levam a refletir algumas coisas. Como a capacidade de superação do ser humano. Vi, nas paraolimpiadas, pessoas com limitações ganharem medalhas que eu jamais na vida nem vou sonhar em ganhar. Parabens ao para-atletas, nossos superherois, por tudo. Principalmente pela superação.

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